A mesóclise de Michel Temer sob a análise de discurso.






Sabe-se que, conforme já foi citado, a análise do discurso é uma prática que busca considerar, como um dos pontos de sustentação, a construção ideológica de quem realiza o discurso, o contexto, quando, onde e o sujeito, entre outros tópicos. Pois bem, nosso ponto de partida será o contexto. Maio, 2016, Michel Temer toma posse e torna-se presidente da república. No seu primeiro discurso, eis que a traz à tona, ressuscitando da mais funda cova, ela, a mesóclise:

“Como menos fosse sê-lo-iapela minha formação democrática e pela minha formação jurídica”

"Por que, meu Deus, pergunta meu coração, porém meus olhos não perguntam nada", esse senhor surge discursando com a mesóclise? A análise do discurso explica...

O contexto nos mostra a saída da presidenta, que por diversas vezes foi achincalhada pelos seus discursos de linguagem coloquial, mostra também um "poeta", sim, pasmem, nosso querido golpista, ops, quero dizer, presidente, é um poeta! Publicou um livro chamado anônima intimidade, por não ter um nome pior pra dar àquela vergonha alheia e de versos infames, uma pausa para justificar a afirmativa:


Saber


Eu não sabia.

Eu juro que não sabia...


Passou


Quando eu parei

para pensar

todos os pensamentos

já haviam acontecido.



Votando à análise de discurso, depois dessas miseráveis citações, vamos falar do que realmente importa.


“a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial”. (BAKHTIN).


Com base na afirmativa, concluímos que houve uma intenção que, no mínimo, foi de mostrar mais "habilidade" com a Língua Portuguesa do que seus antecessores. Nas entrelinhas ele diz: "É esta a linguagem de um presidente. Pobre "poeta", esqueceu-se da linguagem do povo, dos paridos pela pátria que mal dá formação escolar pra muitos. Não falou para o povo menos escolarizado que constitui grande parte do país, falou em função da sua vaidade, da exclusão, da inutilidade e do desuso. Desejou ser mais requintado do que Dilma Roussef, e  foi. Entretanto, até hoje, seu governo pífio não foi salvo pelo espírito evocado da mesóclise morta. Quis soar bonito, soou feio, antiquado, desnecessário e preconceituoso.




Leonardo Torres

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